24 agosto, 2011

Preço do Ouro Registra Nível Recorde

O ouro bateu outro recorde. No mercado americano, aflito de novo com a inflação no país, só se falava na cotação chegando a US$ 2.000 a onça-troy.

O fantasma da "estagflação", a inflação sem crescimento econômico, voltou a assombrar o mercado, sacudido na quinta por um golpe duplo: dados indicando alta da inflação e alta do desemprego nos Estados Unidos.

Para tirar a economia desse atoleiro o banco central americano — o Federal Reserve — teria de quebrar a cabeça. É que políticas monetárias tradicionais não servem para resolver os dois problemas simultaneamente. Isso aumentaria a demanda de ouro.

"Acho difícil não chegarmos a US$ 2.000 [a onça-troy] até o final do ano", disse Adam Klopfenstein, estrategista sênior de commodities da MF Global. "Aliás, acho que chegamos lá até o final do mês".
O contrato futuro mais negociado, para entrega em dezembro, acumulava há pouco alta de US$ 44,20, ou 2,4%: era cotado a US$ 1.866,20 a onça-troy no braço Comex da Bolsa Mercantil de Nova York. No mesmo pregão, o contrato chegara ao recorde de US$ 1.881,40.
O ouro para entrega em agosto, o contrato do mês corrente, era cotado a US$ 1.863,20, alta de US$ 44,30, ou 2,4%. Isso depois de ir e voltar do recorde de US$ 1.874,40 a onça.

Na Europa, as bolsas voltaram a cair nesta sexta-feira. Ações de bancos estiveram entre as que mais perderam no dia. Explica-se: o investidor teme que a crise da dívida na zona do euro vá derrubar os resultados do setor. Muita gente que atua no mercado teme que a falta de medidas decisivas da parte de líderes do bloco europeu faça a crise se alastrar para o sistema financeiro como um todo e aumente o risco de uma crise bancária.

"São problemas que não se resolvem com um canetaço, são coisas que levam tempo para serem solucionadas", disse Klopfenstein. Da MF Global.

Mesmo com a cotação batendo recordos, muitos investidores seguem decididos a comprar ouro. A esperança é que o metal proteja seu patrimônio tanto do recuo em mercados como de problemas mais sistêmicos, como uma crise bancária provocada por problemas de dívida soberana.
"O retorno extremamente baixo do mercado de renda fixa e o aumento da inflação total estão empurrando ainda mais para baixo o custo de aplicar no ouro, o que aumenta a demanda e limita a oferta", disse Bart Melek, estrategista sênior de commodities da canadense TD Securities.

A desvalorização do dólar deu impulso adicional ao ouro. O dólar caiu em relação a uma cesta ponderada de moedas: o índice ICE caiu para 73,851, de 74,244 no final da quinta em Nova York.
Quando o dólar perde força, futuros de ouro com preço em dólar parecem mais baratos para o investidor que usa outras moedas.

Tudo indica que o ouro vai fechar uma semana de cinco dias de alta. É que o investidor corre para comprar o metal às vésperas do fim de semana.
"O cidadão ruma para [ativos] que lhe deem paz de espírito quando há muita incerteza e o mercado está fechado", disse Klopfenstein.